domingo, 19 de abril de 2015

Eu, a super mãe maravilha!

Adoro dar banho à CLSM.

Entre jogos e cantorias são muitos raras as vezes que não dou pelo menos cinco boas gargalhadas. Daquelas que vêm da alma.

Um dos passos da nossa coreografia mais que ensaiada implica ela pôr-se de pé na banheira. É assim desde que se consegue equilibrar. Eu primeiro ajudava-a a levantar-se e com o tempo passou obviamente a fazê-lo só. Sempre funcionou maravilhosamente. Até há cerca de duas semanas.

Um belo dia decidiu pôr-se de cócoras agarrada à banheira e não havia forma de se pôr em pé. E com aquele brilho risonho de desafio no olhar. Que como ela ainda não lê o blog (que eu saiba!), posso confessar que adoro. Sabem qual é? O que eu gosto daquele olhar. E o que eu gosto de um bom desafio!

É preciso que se diga que a CLSM tem uma personalidade forte e já está ali à beirinha dos terrible two . Para quem não sabe ou tem a sorte de ainda não ter lá chegado, parece que a partir dos dois anos de idade os nossos doces amargam. Passam de prazo. Por artes maléficas, com certeza, transfiguram-se e viram o Hulk em mini. Talvez  menos esverdeado. Será assim algo como o Apocalipse, mas menos ligeiro.

Apesar disso, sinto que até agora - bate na madeira para aí umas novecentas vezes - tenho como que o jackpot da boa índole em casa. Não há nada que não lhe passe ou não entenda com uma boa explicação. Vou bater na madeira mais três vezes. Pelo sim pelo não.

Avancei então confiante e expliquei-lhe que tinha de ser pôr em pé e porquê. Não funcionou. 

Pára tudo. Mas como não funcionou? Não.

A muito custo lá acabou por pôr-se em pé. Com uma assistência forçada da mamã.

Dia seguinte a mesma história. Nova tática, porque a mamã aqui teve a assistir vídeos da equipa contrária. Apelar ao seu lado empático gigante. 

                             - A mamã não te pode levantar, amor, porque tem uma grande dor nas costas e piora ao fazer força. 

                             - Oh, (coi)tadia mamã. 

E faz-me uma festinha com aquele sorriso. Mais nada. Sempre de cócoras. 

Um fervilhar cá por dentro, Mais uma assistência forçada. 

Terceiro dia. O mesmo. Combinação de táticas e entrada de ponta de lança. Explicação, seguida de apelo descarado à empatia. O remate: ar autoritário e cara de quem não comeu pequeno-almoço. A custo lá se levantou.

Não me satisfez.

Mas então ao quarto dia fez -se luz. 

Maria do Carmo de cócoras. Brilho intenso de desafio no olhar. O suspense e a expetativa no ar. Quase palpáveis. 

Era eu a jogar. 
         
           Tom e postura absolutamente condescendentes:
          
                               - Oh, amor. isso assim é de cócoras. A bebé ainda não sabe o que é pôr-se de pé? Não faz mal...

Levantou-se num relâmpago. 

Vitóooooooria!! 

A necessidade de mostrar que sabe foi superior à natural necessidade de desafiar.

Senti-me Sun Tzu a explorar as fraquezas do inimigo e regozijei-me interiormente. Com direito a serpentinas.





Este foi então o texto que escrevi na minha cabeça. E assim seria o texto se o tivesse escrito. Na semana passada. 

Cheia de mim própria, pensei, olha que truque tão engraçado. Vou partilhar no blogue a ver se funciona com mais alguém. 

Sou maravilhosa eu....


Como nunca escrevo nada a tempo lá terá de ficar a adenda.

Afinal não sou maravilhosa eu....

É que a coisa funcionou. Três dias.

O que é que eu tenho agora? 

Maria do Carmo de cócoras, com o ar mais sarcástico possível - nem sabia que tanto sarcasmo poderia caber numa embalagem tão pequena - a sorrir para mim, enquanto diz:

          - Ixo é de Cócoas. Ooooooh, a bebé não xabe...


Já vos disse que amo a minha filha de paixão?






Beijo da Patinha *




       


Sem comentários:

Enviar um comentário